sexta-feira, 25 de abril de 2014

Um pedaço de chuva no bolso, por Simone Caputo Gomes, Universidade de São Paulo.

Um pedaço de chuva no bolso, por Simone Caputo Gomes, Universidade de São Paulo. 

Um pedaço de chuva no bolso, de Neres, inscreve-se sob o signo do Tempo, rio e casa, esquecimento e memória. Palavras e peixes nadam contra a corrente, a tentar captar o instante que se esvai. Essa questão maior expressa-se paradigmaticamente na adivinha africana que preside o sentido desta escrita: Como parar o vento? Seja em forma de poesia ou de prosa poética, a “escrita líquida” de Neres, como a chuva, escorrega, conduzindo o leitor por fragmentos, fios narrativos, teias líricas, sociotemas dramáticos, diários dispersos. O poeta “fia o tecido da vida” e “habita o abismo” que “ronda as sombras brancas do papel” para “construir o girassol”, com pedras de Xangô ou versos “que caminham sobre as águas” de Oxum e de Iemanjá. “Fazer existir-se no rio do tempo” resume esta obra de Neres, em que o poema é “um rosário líquido” composto de “pedra, páginas, línguas e vento”.

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http://www.zungueira.com.br/um-pedaco-chuva-bolso-neres.html

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quinta-feira, 24 de abril de 2014

UM PEDAÇO DE CHUVA NO BOLSO DO SACERDOTE, por José Inácio Vieira de Melo

UM PEDAÇO DE CHUVA NO BOLSO DO SACERDOTE
José Inácio Vieira de Melo



José Geraldo Neres é um orixá da poesia, um poeta de terreiro que, com sua flecha de anjo trágico, acende as asas da emoção. Nos olhos de barro de Neres outros silêncios se anunciam, prenhes de signos, para compor a sinfonia do acaso. Neste novo livro, Neres, sacerdote inominável que carrega  um pedaço de chuva no bolso, segue por uma tempestade de metáforas, advindas de um longínquo abismo que abriga no peito. Alquimista do ABCDE, sopra dois dados no ar e nos mantêm suspensos na expectativa dos sonhos que brotam dos textos da sua escritura polifônica. Desde a estreia, com Pássaros de papel, Neres vem desenhando um outro Sol, com a sua macumbaria poética, em cada gesto e verso que compõe, realizando as núpcias das palavras estrangeiras, criando um código pessoal repleto de magia e de assombros. Aliás, a poética de José Geraldo Neres estende fronteiras, ao abarcar territórios desconhecidos, e sua criação prescinde de rótulos, é um fazer em si estendido ao outro, a derramar-se em possibilidades, em caminhos e encontros. Um poeta assim, tão cheio de vazios e de amplidões, só pode despertar florestas de arrepios.

Texto da contracapa do livro Um pedaço de chuva no bolso (Editora Kazuá, 2014).

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